Projeto Acalanto Natal
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8 de setembro de 2015

Amor em dobro

Minha família  é composta de Samuel, 6, nível V da educação infantil. Francisco, 13 sexto ano do ensino fundamental, Edward, meu marido, Neurocientista e finalmente eu,  que tenho uma pequena franquia  de massas congeladas em Nova Parnamirim.

Nossa história começa quando recém chegados dos EUA, resolvemos nos instalar em Natal, devido ao novo emprego do meu marido na UFRN em 2009/2010. Quando nos sentimos instalados nesta cidade que não conhecíamos ninguém, resolvemos tomar ações em relação a uma vontade antiga de adotar uma criança. Éramos casados a 8 anos e sem filho algum. O primeiro passo foi “tentar” uma adoção conhecida como “à brasileira”, onde alguém que  vai  ter um bebê não o quer e dá para alguém que quer  e não tem. Dito assim parece bastante simples, mas não é. Acompanhamos e demos todo suporte à gestante nos dois últimos mês de gravidez, pagamos o parto e depois de 30 dias de posse da bebê e com todo o enxoval pronto, a mãe biológica resolveu mudar de ideia e pediu a criança de volta. Foi muito doloroso e traumático. Mas, por conta desta bebê e pensando numa legalização futuramente, fomos instruídos pelo pessoal do Acalanto a nos habilitarmos para a adoção. Iniciamos o processo de credenciamento  e definimos um perfil de criança ( qualquer sexo e/ou cor) e de zero a três anos de idade. Com um pouco mais de um ano do início deste processo e bem mais recuperados da terrível experiência, fomos informados que existia uma criança disponível, menino, de três anos de idade entretanto só poderia ser adotado se levasse consigo seu irmão de 10 anos de idade. Tivemos algumas reservas quanto ao desafio de adotar duas crianças de uma só vez especialmente com uma delas muito mais idade. Infelizmente não nos foi oferecido nenhum apoio psicológico/informativo de como deveríamos nos preparar e comportar para essa super importante nova empreitada.
Mesmo com muita insegurança, fomos conhecer os  irmãos Samuel e Francisco.
Imediatamente começamos a desenvolver laços de amizade carinho. Naquela época, Samuel com  três anos de idade,  pouco falava,  mas muito cativante sempre recebia e cumprimentava todos com enorme e simpático sorriso.
Já Francisco, significativamente mais velho com 10 anos de idade era mais reservado cauteloso até meio melancólico, tímido. Falava muito errado e não sabia ler nem escrever. Não tinha sequer ideia de sua data de aniversário. Seu sorriso, diferentemente de Samuel, era  muito mais controlado e menos espontânea. Francisco pelo histórico sempre cuidou de Samuel e o faz isto até hoje como um “jovem pai”. Foi Francisco que decidiu que ter uma família seria a melhor opção para ambos e, felizmente não ficaram muito tempo na instituição. Em setembro de 2012 após termos estado com eles por cinco vezes, duas no orfanato e três deles fora, com a autorização da juíza qua acompanhava o caso, acertamos  que os meninos viriam um para nossa casa para um período de teste de 30 dias. Este período passou rápido demais e não tivemos tempo nem de pensar no lado técnico. Isto sem contar que os meninos chegam com seus mínimos pertences e esperam ter uma vida de Disneylândia, sem a menor preparação ou idéia do que realmente representa ter uma família. Do outro lado, os pais adotivos a menos que alguma coisa muito radical aconteça, não têm a menor condição de devolvê-los depois destes 30 dias. É muita crueldade fazer isso. Neste 30 dias, nos comportamos  como se estivéssemos de férias. Somente queríamos curtir todos os momentos juntos. Praia, piscina, cinemas, teatros, restaurantes, enfim, tudo que pudesse nos dar prazer de fazermos juntos. Em meio a muita emoção, mudança radical na vida é um medo terrível (rs) em dezembro de 2012 nos tornamos legalmente uma família. Novas certidões de nascimento foram emitidos,  tiramos os passaportes e alteramos os sobrenomes, naquele momento nossa aventura da adoção estava efetivamente começando.

Podemos dizer que levou seis meses para que Samuel se adaptasse a nova condição.  Inicialmente ele teve alguns momentos de verdadeira rebeldia. Um certo dia ele literalmente atacou minha mãe após ela tê-lo disciplinado. Hoje bem mais calmo, age como uma criança normal da sua idade, Inteligente, tem um excelente senso de humor porém apresenta algumas falhas de concentração. Muito ativo e energético adora atividades físicas e esportivas.
Francisco sendo mais velho o processo de adaptação levou quase três anos. Assim que chegou assumiu  uma postura destrutiva  e quebrou  muitas coisas em casa. Sem saber muito que fazer, busquei ajuda psicológica,através do  Acalanto mais uma vez,  e ele tem melhorado a cada dia. Atualmente lê e escreve, um pouco aquém das crianças da sua idade mas tem evoluído. Além das aulas regulares da escola, ele tem uma professora de reforço. Como pulou muitas etapas, muitas lacunas não foram preenchidas dificultando mais seu processo de aprendizado. Diferentemente de Samuel que é muito ativo, Francisco é mais sedentário e adora passar horas jogando no computador ou no tablet.

Como meu marido é americano nós nos esforçamos para que eles adquiriram o conhecimento da língua inglesa em casa. Samuel por ser mais novo tem obtido melhores resultados. Já Francisco precisa de um pouco mais de tempo porém tem mostrado uma grande evolução no entendimento.

De modo geral nós tentamos expô-los  ao maior número de experiências possível. . As segundas-feiras participamos de um grupo religioso onde eles escutam palestras estão se preparando para ir para evangelização espírita. Aos sábados participam do curso de robótica da UFRN. E os domingos  são destinados ao lazer total : praia, cinema, teatro,  restaurantes e outros tipos de entretenimento. Nesses três anos fizemos várias viagens de avião, que eles amam, para várias localidades dentro do Brasil. Nosso mais recente plano é fazer uma viagem de dois meses aos Estados Unidos. Vamos brincar na Disney, esquiar em Boston e de quebra curtir 15 dias do aconchego familiar em São Paulo.

No final, analisando prós e contras,  consideramos que nossa  experiência na adoção  tem sido altamente satisfatório e de sucesso. Acreditamos que já estamos todos adaptados à nova situação. Nós nos sentimos muito orgulhosos em receber cumprimentos pelo bom comportamento e beleza dos nossos filhos.