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17 de setembro de 2015

A voz da filha adotiva

Quando eu era bem pequena, cheguei da escola com uma dúvida: Eu não tinha vindo da barriga da mamãe como os meus coleguinhas? Minha mãe então me disse: “A barriga da mamãe já estava muito velhinha e cansada, não ia conseguir carregar você lá dentro, então papai do céu colocou você numa cestinha, e entregou na nossa casa, e foi assim que nosso anjinho de cachinhos chegou na nossa família!”. Por muito tempo, essa foi a minha história. Até que eu fui crescendo e descobrindo que minha história era muito maior que essa, que era uma história de amor da qual muito me orgulho de poder contar!

Aos 51 anos, com três filhos já adultos, morando em São João de Meriti no Rio de Janeiro, minha mãe ficou sabendo de uma jovem que teria que deixar o seu bebê no hospital por motivos maiores do que ela podia controlar. Ela imediatamente entrou em contato e resolveu adotar o bebê, com o suporte de toda a família, e do meu pai, claro, que na época estava com 54 anos.

No dia 18 de Fevereiro de 1994, às 21h, na mesma data do aniversário da minha mãe biológica, depois de um trabalho de parto extenso, lá estava eu, fui direto pros braços dessa família que me acolheu com tanto amor e carinho.

Durante a minha infância e parte da adolescência, nunca tive contato com a minha mãe biológica. Até que ela me encontrou no saudoso orkut, e depois de perguntar a minha mãe se não teria problema manter contato assim, passamos a acompanhar a distância as vidas uma da outra, mas nunca conversamos muito. Porém ano passado (2014), fui ao Rio de Janeiro e nos encontramos pela primeira vez, conversamos a tarde toda e foi um encontro maravilhoso! Desde então, nos falamos constantemente e fico muito feliz de poder chamá-la de amiga.

Na adolescência, passei muito tempo com vergonha de falar que sou adotada, inclusive recebendo muitos comentários maldosos sobre, mas hoje em dia sinto que faço parte de algo muito especial e acho importante contar a minha história, para quebrar todos os pré-conceitos com relação a adoção.

Tenho a sorte de fazer parte de uma família maravilhosa, onde todos convivemos em harmonia e nossa casa é sempre recheada de pura alegria. Tenho irmãos maravilhosos que me amam e me acolheram, e que apesar de serem bem mais velhos do que eu, eu amo e sei que posso sempre contar com eles. Tive a sorte de poder crescer com meus sobrinhos, que hoje em dia posso também considerar como irmãos. Ganhei uma quantidade quase incontável de primos, tios e agregados. Tenho um pai maravilhoso, que faz de tudo pela família e mais um pouco. E claro, tenho o melhor presente que o universo poderia ter me dado, minha mãe, o meu maior amor no mundo e uma das pessoas mais íntegras e incríveis que eu já conheci. Ela me ensina diariamente a ser feliz nas pequenas coisas, a levantar com um sorriso no rosto, a pensar sempre positivo, a ser uma pessoa melhor e graças a ela eu sei as letras de todos os sambas-enredo do carnaval carioca!

Não há palavras pra descrever o quanto eu sou feliz por fazer parte dessa família. E além de tudo isso, a vida ainda me presenteia com a amizade e o carinho da minha MÃE biológica, que não me criou, mas que é uma pessoa maravilhosa, doce, carinhosa, trabalhadora e que eu admiro muito e tenho a felicidade de poder chamar de amiga, tenho certeza que ainda iremos compartilhar muitos momentos bons juntos nessa vida e nas próximas!Isabela com suas duas mães.