Passamos nossas vidas sendo ensinados que iríamos casar, engravidar e que um bebê chegaria em nossa casa. E assim nossa família iria ser formada, dentro do restrito “padrão de normalidade” criado pela nossa sociedade. E foi nessa expectativa que eu e minha esposa aguardamos nossos filhos.
Passaram-se dias, semanas, meses e anos e nosso filho tão esperado não chegava. Partimos para os tratamentos de fertilidade, sem sucesso. A medicina não conseguiu explicar o motivo. Em uma das inúmeras consultas que fizemos, um dos médicos chegou a nos falar: “A natureza não quer que vocês tenham filhos”. Uma frase dura e cheia de preconceitos.
A partir disso, iniciamos um período de grandes transformações, aprendendo o que a medicina e a ciência ainda estão muito longe de saber: Que a fertilidade não está presente somente nos aparelhos reprodutivos humanos e a construção familiar não se limita ao material e ao biológico e pode ser formada pelos incríveis, invisíveis e imperecíveis laços da afetividade. Aprendemos que um filho pode ser gerado no coração pela força do desejo de amar, acolher e se dedicar na construção de um ser humano e que uma família pode ser construída dessa forma.
E foi assim que geramos nossas duas filhas chegaram em nossas vidas com 5 e 6 anos e transformaram nossos sentimentos, nossas crenças, nosso modo de ver a vida e de aceitar e acolher as diferenças.
Talvez um dia a humanidade perceba que não há diferença entre um filho biológico e um filho adotivo, e que o nascer e o ser adotado não passam de fases na vida de todos nós. Quem sabe um dia as escolas ensinarão que os seres humanos nascem, são adotados, crescem, podem se reproduzir e morrem.
Desejamos que a força do amor impulsione todos aqueles que desejam de coração adotar, acolher e amar verdadeiramente um filho.